Eu me perdi de mim a algum tempo e talvez essa seja uma desculpa para eu tentar me convencer de que me deixei em segundo plano quando se trata da vida e dos sonhos. Eu costumava sonhar, mesmo com a infância que tive, com a adolescência que tive e com todo o resto que compõe a minha vida, mas eu não costumava desistir fácil, e hoje nem sei se estou tentando. Talvez esteja perdida ou no caminho que eu realmente deveria estar? Não sei dizer.
Parece que todos estão à minha frente quando paro para observar. Filhos, casas, vidas maquiadas para parecerem perfeitas, e eu estou aqui, e talvez eu nem queira o que a maioria quer, mas isso não me deixa menos pensativa ou aflita. Mas será que no fundo eu realmente ligo? Eu nunca fui de ligar muito para ás coisas nem para pessoas com vidas perfeitas, mas os trinta anos estão logo ali. Deveria me preocupar?
A vida é estranha. Bebendo meu vinho e ouvindo música ruim, escrevo pois sempre fui melhor com as palavras, e não que elas sejam das melhores, mas cada palavra dentro deste texto tem um pouco de mim. Setembro sempre foi o pior mês para mim. Meu aniversário foi o dia em que meu pai resolveu ir comprar uma família nova e nunca mais voltou, e por mais que eu diga que isso não me afetou foda-se, eu cresci.
Talvez eu tenha me tornado alguém fria e sem sentimentos depois disso, ou talvez seja por isso que eu não queira o que a maioria quer, mas quem liga? Ninguém tá nem ai pra nada. Mas voltando ao sentimentalismo barato, essa sou eu. E hoje foi um dia daqueles em que eu simplesmente gostaria de fugir de mim mesma, mas ao invés disso eu só consegui chorar. E não, eu não quis parecer fraca e pedir colo, eu fiz como desde meus nove anos, chorei escondida e depois voltei como se nada tivesse acontecido.
No fim das contas, olho ao meu redor, tomo meu vinho barato e sigo com essa vida que ela mesma me levou para esse caminho. Se me vir por aí, saiba que estou tentando sobreviver a mim mesma, e se caso eu sumir, é porque estou me fortalecendo. Afinal, eu sempre lidei comigo sozinha e fugindo quando necessário. Eu tenho esse péssimo hábito de fugir das coisas sem avisar ou dar indícios, mas eu sempre me dei bem sendo assim. Por fim, vinhos baratos e músicas ruins sempre foram meu ponto fraco para escrever o que penso, e essa é a vida. E essa... sou eu.
Jenyffer Marinho
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