06 outubro, 2013
O acidente de 1998
Quando eu olhei pra o lado, senti ele ali. Devia estar louca? Não, eu sinto que não estou louca, realmente ele estava ali me olhando. Eu namorei um garoto, que se tornou o amor da minha vida. Mas ele morreu da forma mais drástica que alguém poderia morrer. Estávamos nós dois indo viajar no dia 18 de setembro de 1998, quando o pneu do nosso carro furou e nosso carro capotou mais de cinco vezes. Eu consegui sobreviver, já ele ficou muito ferido. Não consegui ver nada, apenas me lembro que gritei pelo seu nome, mas ele não estava mais lá. Meus pais me disseram que seu rosto ficou irreconhecível e seu sangue saiu correndo ladeira abaixo. Meu Jhon se foi, e nunca mais irá voltar. Minha mãe falou que a última palavra que ele disse foi "eu te amo Beatriz".
Desde aquele dia, nunca mais fui a mesma. Todas as noites eu tinha pesadelos com o que aconteceu, íamos viajar e sempre no final eu escultava o Jhon me chamando e pedindo para que eu tirasse ele do meio das ferragens. Eu até cheguei a dizer que pelo menos aquela era uma forma de abraçar o Jhon enquanto todo o desastre acontecia. Aquela era a única forma que eu tinha pra beijar, abraçar e ter o Jhon perto de mim. Se eu soubesse que aquilo iria acontecer, eu nunca teria ido viajar. Hoje, eu não tenho mais ele. Minutos antes do acidente, o Jhon me falou que sempre iria cuidar de mim onde quer que ele estivesse, e sempre seria meu anjo da guarda, e ele sempre iria estar comigo. E é isso que ele se tornou, meu anjo. Acho que ele estava sentindo o que iria acontecer quando o carro virasse a próxima curva a direita.
Eu sentia uma dor, capaz de nada nem ninguém fazê-la passar. Tentava me matar nas madrugadas depois de sonhar com tudo aquilo. Isso se repetiu por noites e noites. Apagava as luzes, sentia aquele vento frio balançando os galhos das árvores, e em seguida o pesadelo tomava conta da minha noite de sono.
Era madrugada de 18 de setembro de 1999 quando o acidente completava um ano. Quando completava um ano que perdi meu Jhon, quando eu senti alguém perto de mim. Não era apenas um alguém, era o meu Jhon. Ele teria voltado, ou eu estava louca ? Olhei para os lados e não vi ninguém. Ás lágrimas desceram em meu rosto. Senti o perfume do Jhon. Realmente eu não estava louca, aquele perfume era irreconhecível, era o perfume dele mesmo. Onde você está Jhon ? Porque você não deixa eu te ver?
Minutos depois fui até a janela e a lua sorria pra mim. Um vento frio me invadiu e eu cai, desmaiei. Acordei encima da cama, e alguém estava fazendo cafuné em mim, da mesma forma que o Jhon fazia. Olhei para o lado e apenas o que vi foi uma carta. Era a letra do Jhon, e a carta era para mim. Dizia que ele estava cuidando de mim, e que ele estava muito feliz onde ele estava. Ele me seguia por todos os lados e era meu anjo da guarda. E no final da carta dizia "Eu te amo para sempre minha Beatriz, seu Jhon te ama mais que tudo" era realmente ele, eu simplesmente me derreti em lágrimas.
Se eu fosse contar a alguém, iriam dizer que eu estava louca. Que se dane, isso não importa. Depois desse dia, o Jhon todas as noites ia me visitar. Eu nunca o via, mais eu o sentia, ele realmente estava ali. Eu fechava os olhos e não abria, porque se não ele ia embora. Ele me acariciava, cantava pra mim e me protegia de tudo. Isso acontece até os dias de hoje. Meu Jhon havia voltado pra mim, de uma forma diferente, de uma forma que só eu entendia, mas ele estava ali, eu podia sentir isso e era a única forma de tê-lo perto de mim. E repito, eu não estou louca.
— Jheny Lopes
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